Google Bard: saiba tudo sobre as novidades do evento de IA em Paris

Google Bard: saiba como foi o evento de IA em Paris

Em um evento em Paris, o Google apresentou hoje suas novidades de inteligência artificial, com destaque para o Bard, ainda sem previsão para ser lançado para todos os usuários. Com os novos recursos, a empresa de Mountain View espera conseguir responder à altura ao sucesso do ChatGPT da OpenAI, e o principal, sua integração ao buscador Bing e ao navegador Edge da rival Microsoft, mas a minha sensação é de “de que estão chegando tarde na festa”.

A apresentação foi feita em sua maior parte por Prabhakar Raghavan, VP sênior da empresa, e o responsável pelo buscador do Google, assim como o Google Assistente. Justificando o fato do evento de IA do Google ser feito em Paris, ele citou Blaise Pascal como um dos seus matemáticos favoritos, e falou sobre a importância do escritório de IA da empresa na cidade.

O Google Bard está longe de ser a única ferramenta de IA que vem sendo desenvolvida pela empresa de Mountain View. Segundo Raghavan, o Google está procurando ir “além da forma tradicional de buscar”, mas apesar dos inúmeros avanços de IA já presentes nos serviços da empresa, me parece essencial que o público tenha acesso direto a eles, e não apenas usando outros produtos da empresa.

Além do Bard e outras novidades de IA, o evento também mostrou como a IA já é usada em produtos com o buscador do Google, o Google Mapas e o Google Lens, além do Google Tradutor, e em vários casos, em conjunto com outras tecnologias como realidade aumentada. Sobre esses outros temas falarei mais para o final desse post.

Google Bard

Raghavan lembrou que, em 2021, o Google apresentou o modelo de IA LaMDA, a base do novo “serviço experimental de conversação por IA” da empresa, o Bard. A nova ferramenta poderá ser usada para buscas e conversas sobre assuntos complexos, e gerar ideias criativas para o usuário, mas infelizmente, ainda não pode ser testada por qualquer pessoa, ao contrário do ChatGPT da OpenAI.

Por exemplo, se você está procurando um carro, ele pode te ajudar a pensar sobre vários ângulos. Assim, o Bard pode interagir com os usuários para colaborar em tempo real, ajudando também a programar o itinerário na sua próxima viagem, mostrando os destaques turísticos de cada região.

Raghavan também ressaltou que o Bard busca informações da web para mostrar resultados “frescos e de alta qualidade”, nas palavras do executivo, dando mais uma cutucada na OpenAI, já que o ChatGPT não faz buscas na web em tempo real, e assim, não consegue acessar informações mais recentes.

O Bard é uma versão leve do LaMDA usa bem menos capacidade computacional, e assim, pode ser escalonado para mais usuários, obtendo maior feedback deles. Os testes serão mantidos com “testadores confiáveis” internos e externos, até que o Bard tenha o nível de qualidade, segurança e “pé no chão” que o Google espera dele.

Para muitas perguntas, não existe uma resposta certa, ou o que eles chamam de Nora, No One Right Answer, como “quais as melhores constelações para observar durante a noite?”. O Google vai usar IA generativa para responder essas perguntas organizando informações complexas e pontos de vista múltiplos diretamente nas respostas.

Google Lens e a nova multibusca

No evento, o Google também falou bastante sobre o Lens, que atualmente é usado mais de 10 bilhões de vezes por mês, ou seja, já faz parte do dia a dia dos usuários, fazendo jus a frase “sua câmera é o seu próximo teclado”, que define as expectativas da empresa para o produto.

O Google Lens agora ganhou a possibilidade de simular o fundo da imagem para mostrar traduções sem nenhum tipo de caixa ao redor das letras. Além disso, em breve será possível usar o Lens para capturar e identificar tudo que aparece na sua tela, além da câmera.

Eles também apresentaram a multibusca (multisearch), novo recurso do Lens que permite buscar em texto e imagem de forma simultânea. Como eles disseram no evento, “se você pode ver, você pode buscar”.

Você começa uma busca por imagem, mas pode abrir uma janela de busca em texto para refinar e melhorar a sua busca. O sistema está disponível globalmente a partir de hoje no Google Lens em dezenas de línguas.

A importância do Google no cenário de IA

Antes de começar a falar do Bard, Prabhakar Raghavan citou a influência do paper “Transformer: A Novel Neural Network Architecture for Language Understanding” de Jakob Uszkoreit, de 2017.

Segundo ele, esse documento é o grande responsável por muito do que é feito hoje em IA. Ele não citou nominalmente, mas deixou implícito que estão incluídos aí os grandes sucessos ChatGPT e DALL-E 2 da rival OpenAI.

O paper define o conceito das redes neurais transformadoras (Transformer Neural Network), usadas para criar sistemas de IA e foi escrito por um engenheiro de software que ficou 13 anos no Google pesquisando arquiteturas de redes neurais, e saiu em 2021 para fundar sua própria startup.

É claro que nada disso será suficiente se o Google perder muito mais tempo para lançar o Bard para o público final, assim vamos aguardar as tais “próximas semanas” prometidas, para ver se eles finalmente liberam sua ferramenta de IA para testes públicos. O melhor resumo do evento foi feito pelo meu amigo Lance Ulanoff do TechRadar em seu perfil no Twitter, o Google “realmente precisava de mais para concorrer com o lançamento do Bing com ChatGPT da Microsoft”. 

A imagem desse post foi feita por mim no DALLE-2. 

Autor: Nick Ellis

Blogueiro de tecnologia e viajante profissional. Geek do Ano 2010!

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