NET Declara Guerra aos Usuários P2P
Recebi uma mensagem do nosso leitor “Filhos-bp” esclarecendo o que a NET está fazendo com os seus clientes que usam programas P2P. A empresa NET não parece ter nenhuma consideração por seus clientes, pois está usando uma estratégia desleal para aumentar o seu ARPU (Lucro Médio por Cliente), censurando desde o ínicio do mês o acesso ao tráfego de aplicativos P2P, usados por programas como o UTorrent e Azureus, entre outros.
A Associação Brasileira de dos Usuários de Acesso Rápido (ABUSAR) mandou uma carta para a Net reclamando da censura ao P2P no Virtua, e a resposta, foi no mínimo, rídicula, absurda e principalmente cínica, pois eles fingem que o problema não existe. Eles deviam mudar a frase do Coronel Boris de SKAVURZKA para ENGANUZKA.
Se você, como eu, é um usuário das conexões Virtua Mega Flash no Brasil, meus parabéns! Desde o começo de maio você não pode mais baixar arquivos P2P. Na semana passada eu baixei um episódio da minha série favorita (que já apaguei) em apenas uma hora, e nesta semana levei dois dias para fazer o download do novo episódio, com taxa máxima de 10 kbps. Ou seja, os usuários pagam pelo serviço, mas não tem o acesso na velocidade prometida.
A campanha de esclarecimento está tomando conta da Internet Brasileira, e dando origem a vídeos de protesto como o que está no topo deste post. Ajude a divulgar esta campanha. Chega de mentiras, NET!
Clique abaixo para ler o artigo completo escrita por “Filhos-bp”, com screenshots que comprovam o boicote da NET ao tráfego P2P. Não é de graça, mas resolve o problema.
Artigo completo escrito por “Filhos-bp” no dia 10/05/2007:
A Balela da NET Virtua MegaFlash
Depois de prover o serviço de Banda Larga Virtua MegaFlash e ser considerada pelas revistas especializadas como a melhor opção para os usuários de Banda larga da região sudeste, a NET parecia ter encontrado mais uma maneira de buscar aumentar o ARPU (Average Revenue Per User), o indicador mais comentado nas reuniões executivas dos principais provedores de serviços de telecomunicações mundiais e que no fundo representa o já conhecido ´ticket médio dos clientes´ de qualquer negócio de pequena empresa.
Desde o dia 03/05/2007, os usuários do Virtua perceberam uma redução significativa do desempenho do tráfego de seus aplicativos peer-to-peer, mais conhecidos pela sigla P2P, utilizados para compartilhamento de arquivos entre usuários como Micro-uTorrrent, Azureus, Mainline, E-Mule e outros. Resumidamente, as redes P2P são uma evolução do já conhecido NAPSTER, na qual cada usuário conectado além de cliente dos arquivos se transforma também em servidor dele. Isto permite distribuir o tráfego e otimizar as transmissões entre os compartilhamentos. Um estudo realizado em uma universidade da Califórnia, EUA, indicou que o tráfego P2P representa hoje aproximadamente 70% do tráfego mundial da Internet.
Criada pela empresa californiana Narus, o “Semantic Traffic Analyzer” permite analisar qualquer pacote transferido através de uma rede, inclusive reconstruir mensagens de email com seus arquivos anexados, ver que páginas determinado usuário clicou e até mesmo reconstruir as conversas realizadas em serviços VoIP (como Skype, por exemplo). O programa roda, com o sistema operacional Linux, e é capaz de capturar e analisar pacotes praticamente em tempo real, em uma velocidade de até 10 Gbps. Entre as empresas que já utilizam o produto no exterior estão companhias de telefonia e segurança, incluindo a Network Security Agency (NSA), VeriSign, provedores chineses (que com ele bloqueiam chamadas em VoIP) e, para nossa surpresa, Brasil Telecom e outras de nossas companhias de telefonia. Aparentemente, o alvo inicial da inspeção em nossas redes seriam as chamadas VoIP, monitoradas para posterior cobrança entre as empresas.
Segundo o site da Associação Brasileira de Usuários de Acesso Rápido, Em consulta à NET Serviços de Telecomunicações, a resposta recebida pela Central de Relacionamento foi a seguinte: “(…)Em resposta ao seu e-mail, informamos que o Vírtua trabalha com um sistema de comunicação e como todo serviço deste tipo, está sujeito a fatores externos, não tendo como garantir a velocidade contratada após a rede Net. Estes fatores são: Banda de conexão do site/servidor acessado (velocidade de conexão do servidor), quantidade de conexões simultâneas no servidor (ex. horários de pico), softwares utilizados para conexão à Internet utilizados simultaneamente a conexão, etc. Ressaltamos que o Vírtua não utiliza regras de controle de banda por aplicação e não garante velocidade P2P, pois a conexão estabelecida é entre usuários e não entre servidores. A velocidade entre usuários é limitada à quantidade de upload e download de cada um, das restrições em que os usuários configuraram e da quantidade de usuários acessando determinada máquina ao mesmo tempo.(…)”
Apesar de não admitir publicamente ainda, a NET parece estar seguindo o exemplo de um provedor de banda larga canadense que depois de alterar o contrato de prestação ao consumidor indicando “não poder garantir a eficiência dos seus serviços fatores externos à sua rede”. Hoje, este provedor de serviços oferece um novo pacote, no qual garante o desempenho de aplicativos P2P por um preço extra. A NET já possui esta cláusula em seus contratos, porém o tiro certeiro que parecia ser o investimento em uma infra-estrutura que permitisse a análise e limitação de tráfego apenas dos pacotes P2P, possibilitando uma estratégia de aumentar o ARPU já mostra sinais de estar saindo pela culatra.
As reações dos consumidores já começaram: Seguindo o exemplo recente ocorrido no dia 1°, o site Digg.com, através de uma petição judicial da MPAA (Motion Pictures Association of America), se viu obrigado a apagar um post de um usuário que informava ter descoberto a chave-mestra para desbloquear discos HD-DVD, buscando reduzir a divulgação da quebra da proteção. Em menos de 24 horas, o efeito foi exatamente o oposto: mais 300.000 sites continham o código publicado das mais diversas formas, vídeo, gráficos, figuras, venda de camisetas, além de fotos de usuários pichando o código nos muros alheios. No momento da elaboração deste artigo, 1.270.000 sites no Google.com faziam referência às palavras “HD-DVD digg code” e mais de 2 milhões de sites continham o código 09-f9-11-02-9d-74-e3-5b-d8-41-56-c5-63-56-88-c0 publicado em caracteres rastreáveis pelo mecanismo de busca.
Entre as reações dos usuários NET, já temos vídeos do YouTube, no qual aparece a propaganda veiculada comercialmente, dublada e protestando contra o a estratégia de traffic shaping, petições on-line de grupos ameaçando trocar de provedor de serviço, usuários advogados oferecendo seus serviços gratuitamente para ações coletivas entre outros.
Entre as reações com maior poder de fogo, está uma iniciativa de um grupo de usuários em fazer propaganda negativa do serviço da NET e sugerir boicote a todos os serviços ofertados pelas componentes do Grupo América Móviles, de Carlos Slim, um dos 3 homens mais ricos do mundo, e que hoje controla a Claro, Embratel e NET aqui no Brasil. A concorrência agradece, uma vez que os serviços de NetFone (Voz sobre IP) são ofertados também pela Vono (GVT) e outras menores como a T+, VoIP-BR. As assessorias de imprensa da Vivo, Oi, TIM (serviços móvel pessoal) e Intelig, Telefonica (DDD/DDI) ainda não se manifestaram a respeito dos protestos.
Segundo os especialistas em direito internet, André Costa e Alexandre Aguiar, se a consolidação dos processos judiciais buscando junto ao Ministério Público a aprovação coletiva de uma jurisprudência que permita o cancelamento dos planos de fidelidade da NET alegando quebra de contrato do serviço e invasão de privacidade reduz o custo para o usuário-final, ela vai contra as estratégias vencedoras no mundo virtual. “(…)É preciso entender que o mundo mudou e que as relações empresa-consumidor (B2C) ainda estão sendo ajustadas às novas formas de interação (…) O que realmente pode fazer a NET voltar atrás na decisão de limitar este tipo de tráfego, além das repercussões da propaganda negativa seria a enxurrada de ações pulverizadas ordenadamente nos call centers da operadora com o devido registro de data, hora, atendente e código da reclamação, posterior registro do caso no 0800 da ANATEL, além dos passos subseqüentes nos tribunais de pequenas causas e PROCONs em todo o País, pois apesar destas ações não possuírem custos significativos para os usuários reclamantes, gera uma cadeia de custos adicionais de serviços para a empresa, que precisará lidar com a demanda nas centrais de atendimento, processos de esclarecimento com a Anatel, contratar honorários advocatícios para cada audiência.(…) Se por um lado, isto gera mais trabalho para cada usuário que se sinta lesado, sem dúvidas uma mobilização deste tipo provavelmente terá muito mais efeito junto aos acionistas da NET, já que o ARPU é formado por receita e despesas.”
Enquanto a solução não chega, a alternativa para se ver livre da limitação é estabelecer uma rede VPN (Virtual Private Network), na qual os dados dos pacotes TCP são criptografados entre a sua máquina e um servidor final, fora da rede NET. Estou testando o serviço ofertado pelo www.secureix.com localizado nos EUA em duas contas: Uma gratuita até 256 Kbps de tráfego e sem garantia de serviço e uma premium de 5 dias com limite de 5Gbps, por US$ 2,95. Sem dúvidas, o serviço premium é muito melhor e taxas semelhantes à limitação da NET são atingidas. O serviço custa US$ 74,95 por ano e além de burlar o mecanismo de traffic shaping imposto pelo Virtua, permite também o acesso on-line a conteúdos exclusivamente americanos como o site da ABC.com para assistir aos episódios na hora e o Pandora.com de música com o seu estilo. Assim como o site da Secureix, diversos outros provedores ofertam o serviço VPN.