IA nas máquinas Lava e Seca LG – Entrevista com Rodrygo Silveira

Após participar do LabTech sobre as máquinas lava e seca da LG, tive a oportunidade de conversar melhor com Rodrygo Silveira, gerente da linha branca (lava e seca e microondas) da empresa

IA nas máquinas Lava e Seca LG – Entrevista com Rodrygo Silveira

Digital Drops: Boa tarde, Rodrygo, muito obrigado por conversar com a gente e a ajudar a tirar minhas dúvidas sobre os produtos da LG. Para começar, queria saber qual é a importância da inteligência artificial nos produtos da linha branca da LG? Como você sente que isso pode evoluir ainda, e o quanto evoluiu nos últimos anos, que já pode ser visto nos produtos atuais? 

Rodrygo Silveira: Sempre que a gente fala em inteligência artificial, o consumidor ainda tem medo de que é essa tecnologia, ou melhor, ele confunde muito o conceito de IA com conectividade. Esse é o primeiro ponto. Algumas marcas falam sobre os seus produtos inteligentes, mas, para falar de um produto que é conectado. Então, você tem o micro-ondas que é conectado e ele passa a ser micro-ondas inteligente para a comunidade. 

Acho que fizeram até algumas campanhas há um tempo, para o lançamento de TV de outra marca, na qual você falava: “fazer pipoca”. A máquina ligava, e você tinha uma sensação de que a pipoqueira era smart, e estava usando a inteligência artificial. Mas não, era simplesmente um plugue de tomada que você renomeou como pipoqueira, na hora que você liga, o aparelho é acionado. 

O mesmo pode ser feito com um ventilador, por exemplo. Você deixa o ventilador sempre na potência 3 e você põe esse switch específico para ligar a energia, chama daquilo de IA, e aí tem o consumidor entende que tudo isso é inteligência artificial. 

Digital Drops: Isso seria mais uma automação, não é? 

Rodrygo Silveira: Sim, mas uma automação simples. Acho que esse é o primeiro ponto. Agora falando de IA de verdade, a gente agora trouxe conceitos bem interessantes de inteligência artificial para as nossas máquinas, e aí você tem Machine Learning e alguns outros tipos de IA. 

A importância da IA nas máquinas lava e seca da LG

Quando você pensa principalmente em linha branca, estamos falando de produtos que nunca tiveram isso, porque sempre foi uma das últimas categorias a receber esse tipo de recurso, já que ele sempre acaba chegando nas TVs e celulares. 

Quando a IA chegou na linha branca, a gente procurou pensar em como a gente podia usar realmente os conceitos de inteligência para agregar valor na vida do consumidor, e é esse o tema da nossa campanha, a “Inteligência Afetiva”.

É um conceito emocional, para tentar explicar os benefícios ao consumidor, que não quer saber dessa parte técnica, ele quer simplesmente apertar um botão e quer que a máquina se vire para mim, que realmente traga valor para minha vida. 

A gente trouxe a inteligência artificial pela primeira vez na linha branca em 2018, com o lançamento da primeira linha VC da LG. E o conceito da inteligência foi: eu, como máquina, quero ser inteligente o suficiente para facilitar e automatizar um pouco mais a vida do consumidor. 

Tem algo que a gente entendeu no conceito de lavanderia e que é: o consumidor não sabe lavar roupa. Ele vem de uma cultura na qual ele usava uma máquina de lavar de carregamento superior, na qual a avó dele pedia para juntar toda a roupa, ou seja, que não tinha sensor de carga nem nenhum outro recurso. Então ele vem de uma doutrina de lavar roupa na qual ele não sabia como as coisas funcionavam. Fazendo uma analogia, não tinha essa inteligência de lavagem, por assim dizer.

Esse consumidor só seguia os mesmos passos que a família dele fazia anteriormente. Então, quando você traz produtos mais avançados, você precisa treinar esse usuário. Só que são botões, e ele não está disposto a aprender com isso. Ele obviamente não vai ler o manual. Eu leio o manual porque ele é no papel, mas o consumidor muitas vezes acaba não lendo. 

O consumidor muitas vezes não sabe usar uma máquina lava e seca

Então, o que é a gente precisa resolver? Eu preciso que o consumidor entenda o conceito de inteligência artificial, ou melhor, eu preciso colocar a inteligência artificial para trabalhar para facilitar a vida dele. Fazer a diferença, não é? Já que esse consumidor não vai saber lavar roupa. 

Eu vou perguntar para você, você sabe como lava uma calça jeans? Qual é a temperatura certa de uma calça jeans? Como que você vai lavar uma camisa de linho? Que movimento você tem que fazer? A resposta, na maioria das vezes, é “não”.

Mas o interessante é que a gente não quer que você saiba, a gente quer que você simplesmente coloque a calça, camisa ou cueca, enfim, o que você quiser colocar dentro da máquina e a máquina faça o papel de um engenheiro, ou vamos brincar, de uma avó que sabe fazer a divisão das roupas e vai lá e lava sua roupa do jeito certo.

Eu não posso ensinar o cara, a máquina não vai abrir os bracinhos e vai pegar a roupa falando assim: “deixa que eu separo a roupa”. Porque hoje o brasileiro, ou melhor, o ser humano, ele separa muito o que é branco e o que é preto, mas ele não separa por tipo de tecido, ele não separa por temperatura. 

Digital Drops: Aquelas figurinhas das etiquetas, não é? 

Rodrygo Silveira: exatamente, o triângulo quadrado com x, a bolinha, o símbolo do ferro de passar. Depois que você lembra, o triângulo é para o alvejante, o quadradinho é para secar, tal. Então já que eu sei que o cliente não vai fazer esse tipo de separação, onde que eu posso agir um pouco? Você pode agir com o que tem na máquina. Então o que a gente colocou?

A gente treinou a máquina, e aí, sim, entrou a “mágica” da inteligência artificial para poder olhar e falar: conforme ela gira o cesto, ela consegue, através do sensor de vibração e do sensor de peso, ter uma noção do que tem ali.

Máquina consegue identificar materiais das roupas

Uma roupa que está mais pesada, uma roupa que está mais leve, uma roupa que conforme eu giro no cesto, ela faz mais barulho, então é uma fibra um pouco mais pesada. Ou apesar do peso dela, eu giro de um lado do outro, o sensor quase não vibra. Então eu entendo que é uma roupa mais delicada, um tipo de tecido que é mais, mais fino.

Uma analogia simples que eu faço. Todo mundo já passou Natal aqui em casa da avó, dos pais e tudo mais. É quando você era criança você tinha lá a árvore de Natal, você via um presentinho com o seu nome ali.

Como criança, o que você fazia? Você ia ali e pegava aquela caixinha, quando ninguém estava olhando, você colocava, você apertava a caixa e dava aquela sacudida no ouvido. Você não sabia o que tinha na caixa visualmente, mas pelo peso, pela textura, você pode imaginar, podia ver se era maleável, e assim, sabia que não era um videogame ou CD.

Com a máquina acontece o mesmo, quando você coloca a roupa lá e ela dá aquela sacudida, imagina que coloquei um tênis ou um edredom. O cesto vai girar, o tênis vai bater de um lado para o outro e vai vibrar. Vai ter um peso.

Ela gira um pouquinho para poder sentir o que é o que está ali dentro antes de aplicar a configuração. Então no que a máquina percebe o que está batendo, ela fala: “opa, com base no que fui treinada lá na fábrica, isso aqui tá tendo muita vibração e tá um peso leve.

Como é feito o treinamento do modelo de IA das máquinas da LG

Ou seja, é uma peça, não são muitas peças e são peças mais rígidas. Se eu coloco lá um edredom, eu falo: “nossa, não é tão pesado, mas quase não mexe”. Eu entendo que nesse aspecto, ela tem um volume muito grande. Então, o que pode ser volume? Pode ser um edredom, pode ser o cobertor. E aí ela tem essa base que ela consulta, que a gente desenvolveu. Foram mais de 20.000 lavagens feitas em laboratório com todas as combinações possíveis, jeans e linho, lingerie… 

Digital Drops: como se você estivesse treinando um modelo de IA 

Rodrygo Silveira: Exatamente. Você treina o modelo da máquina. Aí ela sabe que se você está lavando uma calça jeans, você vai lavar usando esses movimentos determinados do cesto. A camisa de linho você vai lavar usando esses movimentos. A roupa sintética, vai usar esses. E não adianta só pegar essa inteligência artificial e colocar em qualquer máquina. Só a nossa máquina consegue fazer seis movimentos diferentes. Então ela vai girar de um lado e vai parar o cesto. A roupa vai lá em cima e a roupa no que tá lá em cima ela para. Aí a roupa vem, bate no chão, simula o tombamento, como se eu tivesse batendo uma calça para abrir a fibra.

Tem outro movimento que a roupa vai de um canto para o outro, só girando. A própria roupa se enrola nela e o atrito de uma peça na outra dá sensação de que você tá fazendo uma lavagem à mão. Então ela aplica esses movimentos com base no tecido que tem ali, e faz a lavagem ideal para cada um. 

O que a gente quer passar para o consumidor é que hoje a gente já entende que essa tecnologia é um grande avanço perto do que ele tem de lavanderia na casa dele. Não só entre o que ele já tinha na máquina, um tanquinho antigo, uma máquina de lavar superior, mas perante o que os principais concorrentes trazem hoje como inteligência artificial. A LG oferece hoje a inteligência mais avançada.

Os próximos passos do uso de IA nas lava e seca da LG

E a gente chegou num ponto em que, assim, para a inteligência atual é o limite do que existe hoje, então quais são os próximos passos? A gente tá sempre desenvolvendo novas tecnologias, e sabemos quais são os próximos passos que entendemos para lavanderia, que a gente deve trazer em produtos do próximo ano. 

São aspectos de dosagem automática de sabão, que é outro problema. O primeiro problema foi, eu não sei separar roupa, e eu não sei colocar para lavar. Então, beleza, nesse ponto, a LG tirou essa responsabilidade de você, usando a inteligência de lavar os movimentos certos. 

Outro ponto no qual os consumidores podem errar é na separação de roupas. Isso ainda não tem como fazer. Quem sabe numa futura versão da inteligência artificial. Fora isso, qual que é o outro ponto que o consumidor erra muito? Será que eu estou colocando a quantidade certa de sabão e amaciante? 

Então o que a gente vai colocar? A gente vai trazer o conceito do AI DD, que é inteligência artificial 2.0. Inclusive é uma tecnologia que já foi lançada lá fora, na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia, obviamente na Coreia, em que você tem um sensor de sujidade dentro dessa máquina e você tem um dispenser automático de sabão. 

Como você viu no laboratório que a gente fez, o consumidor coloca uma quantidade excessiva de sabão para gerar um monte de espuma por conta do aspecto visual. Agora ele não precisa mais decidir isso, pois a máquina vai usar o seu sensor de sujeira. Então, a máquina vai jogar um jato de água primeiro, vai dar uma umidificada na roupa, e depois vai drenar essa água. 

A máquina tem um sensor na parte de baixo do cesto, que vai analisar, com uma câmera e um microscópio, por exemplo, o quanto de sujeira tem naquela roupa. Ele consegue identificar se a água está limpa ou se está quase turva de tão suja. Se você colocar uma calça com cheia de barro, essa água vai sair completamente suja. Se você colocar uma roupa que você só pingou uma gotinha e passou um detergente para tirar uma mancha de azeite, vai sair quase limpa. 

A partir do resultado dessa sujeira da água, e também do peso exato medido pelo sensor de peso do tanque, os sensores avisam ao dispenser qual é o exato nível de sujeira e também qual é a quantidade total de roupas, assim o dispenser aplica mais ou menos sabão na lavagem.

Queremos ajudar o consumidor a gastar menos dinheiro com sabão ou com outros insumos, a nunca usar mais amaciante do que precisaria, e manter a qualidade das suas roupas, algo que acontece, pois o consumidor muitas vezes não sabe fazer a dosagem ideal.

Qual o futuro da linha branca da LG no Brasil

A gente sempre vai olhar quais são os pontos de preocupação do consumidor, em qual o problema ele precisa que seja resolvido, para, com a marca, desenvolver uma tecnologia nova para tratar desses pontos. O usuário pode não saber lavar roupa, mas os movimentos e o meu cesto fazem o processo correto para garantir preservação das suas roupas. Ele não sabe o quanto dosar de quantidade para ver o que tá sujo. É só colocar na máquina que ela vai entender o quanto que essa roupa está suja, e vai colocar a dosagem exata de sabão. 

Então, a LG está sempre avançando e trazendo a inteligência artificial como o principal pilar, oferecendo um produto que é muito mais fácil para você usar, e que você praticamente esqueça que ele está ali na sua área de serviço. 

O que a gente quer é justamente isso, é o conceito da inteligência afetiva, é trazer a IA para um patamar onde você não precise se preocupar mais com o que seu produto é capaz de fazer, pois ele vai fazer para você. Então isso é o que a gente entende hoje como o conceito da campanha, de que “a vida pode ser melhor com uma lava e seca da LG”. 

Desafios de precificação no Brasil

Digital Drops: você acredita que ainda é possível evoluir, já que estamos falando de uma máquina extremamente tecnológica? Isso vai continuar acontecendo de forma gradual, ou seja, a cada ano teremos um novo recurso tecnológico que possa facilitar a vida das pessoas? 

Rodrygo Silveira: Exatamente. É claro que muitas vezes existe um produto mais tecnológico lançado lá fora, mas que ainda não chegou aqui por tem barreiras, que limitam a parte de produção, como custo de importação, custo de taxas e impostos absurdos que a gente tem que lidar aqui no Brasil. Eu preciso de um custo operacional de logística, por onde eu vou trazer, para onde eu vou mandar, considerando o tamanho do Brasil. 

Eu não posso vender um produto que vai daqui para Manaus com um frete logístico alto, vender pelo mesmo preço de uma marca que às vezes pode ter uma fábrica em Manaus, atendendo a própria região. Então a gente precisa avaliar esse papel na mente e trabalhar numa faixa de custo para o consumidor.

Possível resistência do consumidor

Mas sim, a gente traz produtos. A gente tem modelos, por exemplo, tem modelo VC2, que é um dos nossos modelos top de linha 14 kg. Mas já existe o modelo VC5, que é o modelo de entrada de 12 kg, que ele custa, não vou dizer que metade, mas ele custa um preço muito mais acessível. 

Então a gente faz esse papel sempre de trazer tecnologias que também possam caber no bolso do brasileiro. Segundo ponto, eu preciso entender qual que é a limitação e a resistência do próprio consumidor em abrir investir nesse segmento, e colocar tecnologias novas.

Eu não tô falando só da minha avó, da minha mãe, sabe, que tem um pouco mais de dificuldade. Mesmo pessoas novas, às vezes, não querem enxergar o valor de uma máquina dessa. Você deve conhecer várias pessoas que vão viajar todo ano para fora, tem carro novo na garagem, mas tem uma máquina de 8 kg extremamente velha dentro de casa. Por quê? Ah, minha empregada que vai usar, tal. Então, apesar de ter dinheiro, às vezes as pessoas não querem investir nisso.

Custos de desgaste das roupas, ou de lavar na rua

E esse é o nosso papel, de aos pouquinhos, com marketing, mostrar um pouco dessa comunicação para falar para o consumidor. Ele pode pagar R$ 500 em uma camisa que comprou em Milão, você vai lavar esse produto uma vez e pode estragar o material. 

Ou calcular quanto você está gastando às vezes para lavar uma camisa específica, uma jaqueta, aquela roupa em uma lavagem a seco, só para não gastar, você pode lavar todos esses itens em casa. Então, é um investimento tentar mudar um pouco a cultura e o mindset do consumidor. Sim, já existem produtos mais avançados lá fora, mas aos poucos eles vão chegando. 

A própria Wash Tower, que a gente trouxe para o Brasil, foi lançada há um ano e meio antes na Coreia e nos Estados Unidos, para depois a gente trazer o produto para cá. Isso é um movimento natural para lavanderia. Falando em TV, nem tanto, elas geralmente chegam mais rápido, porque são um produto que o consumidor busca

A gente até brinca e ele fala: “Putz, eu quero comprar uma nova TV, eu preciso comprar uma nova lava e seca”. É sempre esse conceito que a gente tenta mudar na cabeça do consumidor. Além disso, quem conhece os produtos da LG, os modelos lava e seca, os micro-ondas, entende o que eles podem oferecer. 

Marketing precisa comunicar os avanços da tecnologia

Às vezes eu converso com o pessoal, com jornalistas, com clientes, e ouço que “o produto é tão legal, ele vai me agregar tanto valor na vida, que eu quero uma nova lava e seca”. Então acho que o nosso ponto. Depois que você conhece a fundo todos os nossos diferenciais, você fala: “Cara, eu vou economizar água, sabão, energia, tempo, ela lava super bem. Olha o todos os benefícios que essa máquina vai me trazer.

Eu não vou mais ter uma camiseta escura que vai ficar desbotada. Eu vou economizar em água, eu vou gastar muito menos tempo, eu vou poder passar muito mais tempo com a minha família”.

Um caminho sem volta

Essa é uma batalha diária que a gente tem, como marketing, como marca, como branding para que o consumidor consiga entender isso. É mostrar que ele realmente não pode mais viver sem isso. E depois que você começa, é um caminho sem volta. Carro automático é o mesmo. Hoje em dia, ouvimos nossas músicas no Spotify, um serviço de streaming. Imagina voltar a comprar CD hoje se você quisesse ouvir música? 

Depois que você pega um serviço de assinatura de música, você fala: “como é que vivi sem isso?” Existem muitos outros exemplos, internet de fibra ou internet de velocidade no celular. Tem coisas que o consumidor já usa hoje que ele não sabe viver sem. A gente quer que o consumidor um dia olhe e fale: “Nossa, eu não sei como um dia eu consegui viver sem uma lava e seca”. 

Assim, o consumidor vai querer uma nova tecnologia, vai precisar trocar sua velha máquina de 15 anos. Quando precisar de uma capacidade um pouco maior, um modelo com vapor, conectado. Além disso, a gente quer que o consumidor entenda que realmente é uma mudança, que ele pode ter que gastar um pouco mais, mas depois que ele começar a usar uma lava e seca, não tem volta. 

Preço x capacidade

Digital Drops: O maior desafio para essa adoção é a questão de preço?

Rodrygo Silveira: O consumidor pode estar acostumado a pagar R$ 1.800, e não sabe por qual motivo precisaria investir R$ 3.000 ou R$ 3.500, ou dependendo da capacidade, até R$ 5.000 ou R$ 6.000, só para lavar roupa. Outro ponto é que o consumidor valoriza a capacidade, mesmo quando ela não é necessária. 

Ele ainda tem muito aquela coisa que antigamente a gente tinha em áudio, que a gente tinha em TV. Lembra quando falava em potência de áudio? Não, meu sistema de som tem 50 watts RMS. Não, o meu tem 3.000. O meu tem 6 milhões de watts PMPO. O consumidor ele é muito iludido pelo número. 

Quando estamos falando de painéis de TV, algumas têm frequências de 60 Hz, de 120 Hz, mas também existem monitores gamer com 144 Hz, ou seja, ele pisca por 1 segundo, durante 1 segundo 144 vezes. Antigamente tinha alguns modelos de TV com 240 Hz, mas era muito mais caro produzir. E aí vinham as marcas que falavam: “Não, eu tenho 640 True Motion”. Só que essa sigla era inventada, e nunca era real.

Se você chegasse para o consumidor, e perguntasse: você sabe para que serve isso?” A resposta seria, “eu não sei, mas eu quero.” Quando a gente olha em lavanderia, é o mesmo impacto que a gente tem quando você fala em capacidade. O consumidor geralmente tem em casa hoje uma máquina, uma máquina top load, uma máquina de abertura superior.

Entendendo a necessidade real de capacidade

Você não vai ter uma máquina de 8, 9 kg, normalmente, você tem uma de 13, 14 16, até porque hoje as máquinas de maior capacidade tem um custo um pouco mais acessível. Então o cara muitas vezes pensa: “por que eu deixaria os 16 kg de capacidade que eu já tenho numa máquina simples para voltar para 12 kg em uma máquina melhor? Eu não quero abrir mão da capacidade.” Que ele muitas vezes nem usa, não é? 

Então, o ponto principal é: para que serve uma máquina de capacidade maior? Por que você compraria uma de capacidade? A LG tem modelos de 14, 16 ou 18 kg, por exemplo, ou a Wash Tower. Assim, elas são indicadas para quem lava itens mais volumosos.

Consumidor muitas vezes se engana com números

Então, sim, se você quer lavar uma cortina, você quer lavar um carpete, um edredom, tudo bem, faz sentido você investir em uma máquina de 14 kg ou capacidade maior. Se você não vai lavar um edredom, um carpete ou vai lavar edredom, sei lá, uma vez ao ano, duas ao ano, dependendo do que for, você pode lavar numa lavanderia separada. 

O consumidor tem essa sensação do que está perdendo capacidade, mas isso não é real. Vamos fazer uma analogia com os carros. Ah, o Santana 1996 tinha um motor 2.0 com, sei lá, 80 cavalos. Pega qualquer carro 1.0 hoje turbo. É muito melhor. A gente veio da geração de que 1.0 era aquele carro fraco, que não subia rampa, não subia a ladeira. Você precisava voltar, acelerar, botar na primeira e pisar, porque senão às vezes no meio da ladeira ele podia parar.

Hoje os carros 1.0 com motor turbo, apesar de ainda ser 1.0, andam muito melhor que carros 1.6 antigos. Mas o consumidor ainda acha a experiência do 1.0 é ruim, porque 1.0 antigamente significava um motor fraco. 

Desafio da LG

Voltando a lavanderia, é o mesmo com a capacidade, ele ainda tem a sensação de que a capacidade é o principal fator decisivo para ele lavar a roupa. E depois que ele entende que ele pode dividir a roupa e lavar menos vezes, ele acaba perdendo um pouco desse medo.

Mas o nosso principal desafio é isso, é mudar na cabeça dele de que a capacidade é simplesmente o tamanho da máquina. Na máquina antiga, talvez fizesse a diferença, não só pelos itens volumosos, porque ela não pesava. 

Então você ia colocar uma camiseta, ou toda a sua roupa do mês, da mesma cor, para não tingir toda a roupa de vermelho. Você colocava todas as suas roupas pretas, eu vou lavar 16 kg de roupa ou lavar dois 2 kg de roupa, ou uma peça só, ela vai gastar o mesmo consumo de água, porque ela não tem sensor de carga, ela vai fazer os mesmos movimentos e eu só estou gastando água e tempo, que ela vai gastar às vezes 3 horas para lavar tudo isso. Então, para eu tirar um pouco disso e entender que eu posso lavar separado ao longo da semana, ah, vou lavar o quê?

Duas calças jeans hoje, amanhã eu chego aqui eu lavo só as camisetas, no outro dia eu vou lavar só as minhas camisas que eu uso durante o trabalho na semana, depois eu vou lavar só as roupas de criança e eu vou entender que em vez de gastar 200 L de uma vez, eu vou gastar o quê? Cinco pacotes de 20, 30 L. E mesmo assim não tem problema, porque eu tô gastando menos água. Essa dificuldade do consumidor de entender, que ele não precisa gastar tudo de uma vez, que ele pode fazer em etapas. 

Percepção do cliente

Imagina, ah, vou fazer macarrão, mas você tem que fazer todo o pacote de 2 kg de macarrão de uma vez. Assim eu só vou fazer macarrão quando tiver toda a família reunida aqui em casa. Não, você pode abrir o pacote e fazer só um pouquinho de cada vez. Mas o consumidor tem essa dificuldade de entender, porque para ele, quando você fala sai de 16 kg, 17, 18 para 11, 12, 13, 14 kg, ele tem a sensação de que ele está perdendo alguma coisa.  

Outro exemplo, numa campanha do McDonald’s e Burger King, que sempre foram muito fortes em marketing, sempre na briga um contra o outro. O McDonald’s tem o Quarteirão, que em inglês é o quarter-pounder, ou seja, é um quarto. Uma rede lançou o third pounder, que em vez de ser um quarto de carne, era um terço, ou seja, era maior. 

Mas o consumidor americano começou a comprar menos, porque ele achava que um terço era menor que um quarto. Ele podia consumir mais carne, mas não conseguia entender. A percepção dele era de que três era menor do que quatro. E ele deixou de comprar o sanduíche. Então, para você ver como em vários aspectos da nossa vida, você acaba sendo iludido pela comunicação.

Desafios do mercado brasileiro

E óbvio, existe uma limitação. O Brasil tem um mercado no qual que 91% das vendas em quantidade de máquina de lavar são tanquinho ou máquina de abertura superior. De quantidade, só nove a cada 10 máquinas são de abertura frontal. Mas, quando você fala em valor, as máquinas de abertura frontal já representam quase 22% do faturamento.

Então a nossa principal dificuldade, acho, resumindo um pouco, é a dificuldade em falar para o consumidor a mensagem de um jeito correto, nos canais certos e para que ele consiga ver valor em que ele pode diminuir, ou melhor, ele pode esquecer conceitos ultrapassados da cabeça dele, entender que capacidade, preço são coisas relativas para o que ele vai fazer.

Ele pode gastar R$ 1.000 a mais e economizar muito mais do que esses R$ 1.000 ao longo de 10 anos, lavando o lençol em casa, deixando a roupa que ele tem mais conservada, e sem ter que trocar toda hora. Ele vai poder lavar em casa itens que precisaria lavar na rua, além de secar ao invés de colocar no varal. Assim, são itens, é nossa principal dificuldade, acho que quando você tira peso é o aspecto da cultura do consumidor em ter a dificuldade e a resistência em enxergar essas novas mudanças. 

Existe uma questão de hábito também, pois as pessoas aprendem a lavar a roupa em casa, quando eram crianças, tinham máquinas com abertura superior, e continuam com esse hábito. Ou às vezes elas têm medo de novas tecnologias, acham que não vão saber usar, que pode ser muito complexo, tem inteligência artificial. Na verdade, com a IA, ficou muito mais simples lavar. Você coloca a roupa lá dentro e aperta o play. 

O apelo da IA

Quando a gente começa a explicar para as pessoas, o que máquina da LG faz com inteligência artificial, as pessoas ficam encantadas, porque elas não fazem ideia que a máquina tinha toda essa tecnologia, que possa facilitar nossa vida desse jeito. E eu acho que o grande reflexo de isso é na roupa.

É uma máquina que lava roupa muito melhor, vai preservar muito melhor o tecido, vai facilitar muito a vida, porque tem o ciclo rápido, porque tem o vapor, tem uma série de funcionalidades. As roupas vão durar mais, e cabe a nós, como empresa, levar essa informação para mais pessoas. 

Nossa máquina tem uma série de recursos de secagens diferentes, você pode secar por tempo, com 30 minutos, você pode secar em baixa temperatura. Você tem máquinas como a VC2, por exemplo, e a Wash Tower, que contam com secagem por condensação, que desidrata a roupa, então é virtualmente é impossível você encolher uma roupa.

Imagine após a lavagem, não ter que gastar 40 minutos estendendo aquele monte de roupa que não vai secar, para depois dobrar e tudo mais. O detalhe interessante é que você pode emendar um ciclo no outro, você pode apertar para lavar, mandar secar e ela faz tudo. Quando acaba a lavagem ela já começa a secar, não é preciso tirar tudo da máquina e colocar numa secadora.

Mudanças no mercado mundial

Então, esses são alguns dos diferenciais que acho que é legal comentar com os consumidores, de que é um produto que ele veio para facilitar a sua vida. A principal tendência no mundo é, em alguns países, obviamente, você ainda tem um pouco mais de máquina de lavar superior, as top loads.

Mas se você pega o mercado americano, mercado asiático, até um pouco do mercado europeu, a lava e seca já é uma grande tendência e é um dos principais hoje produtos que o consumidor tem em casa. Por qual motivo? É simples, porque funciona.

Depois o consumidor olha e fala: Cara, quanto tempo eu perdi da minha vida estendendo roupa? Pìor, no frio, aquela roupa molhada, que você não sabe nunca se ela tá molhada ou se ela tá gelada. Cientificamente falando, o ser humano não tem terminações nervosas para saber se a roupa tá molhada. Então você imagina, todo mundo já deve ter passado por isso. 

Com uma máquina lava e seca da LG, a lavagem acaba em duas horas, e a sua roupa vai estar seca. Assim, você só vai ter o trabalho de tirar ela da máquina e já pode usar de novo, se quiser. É um produto de uma tecnologia muito mais avançada, que gasta muito menos água, economiza o seu tempo, que pode lavar com vapor e também pode secar. 

Então, dá uma olhadinha no manual, segue os canais como o Digital Drops para entender e sabe, pegar dicas do dia a dia de como ele pode melhorar sua lavagem. Nossas máquinas são muito boas, mas elas só são tão boas quanto os usuários que estão usando ela. 

Digital Drops: Muito obrigado pela atenção e pelas respostas, Rodrygo! 

Rodrygo Silveira: eu que agradeço! 

Autor: Nick Ellis

Criador do TechTudo, Nick Ellis é jornalista de tecnologia

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