Stadia: Google entra com tudo na brincadeira de streaming de games
O Google aproveitou a GDC (Games Development Conference) em São Francisco, Califórnia para apresentar seu novo sistema de jogos, o Stadia, um lançamento que chamou a atenção do mundo de games e tecnologia hoje, com a hashtag #Stadia bombando na minha rede social favorita.
O Stadia não é um console físico, e não tem hardware além do belo controle, que foi o único hardware anunciado para o novo serviço, e tem um botão home que tem a marca Stadia e funciona para ativar o Google Assistente. O movimento faz todo o sentido pra quem já tem uma das maiores lojas de games mobile do mercado, mas a proposta do Stadia não é rodar games mobile, e sim versões de console ou desktop.
O Stadia também deve ser compatível com outros controles USB, e vai funcionar com aparelhos como smartphones, notebooks e tablets, e também com o Chromecast, rodando direto na TV. Todo o processamento vai acontecer por streaming, e de acordo com informações do Google, será o suficiente para dar um belo pau nos consoles da geração atual, rodando jogos inicialmente a 4K com 60 frames por segundo. No futuro, o Google pretende oferecer jogos com 8K rodando a 120 frames por segundo, mas não disse exatamente quando.
O segredo do Stadia são seus servidores que rodam Linux e são equipados com processador x86 (não identificado) de 2,7GHz com 16GB de RAM e uma GPU personalizada da AMD, com desempenho de 10.7 teraflops. O problema é o delay, e a se avaliar pelo que foi apresentado hoje, ainda temos um bom caminho a percorrer.
O Google disse que terá servidores espalhados em 7500 localidades do mundo, para tentar reduzir ao máximo o lag entre o toque no controle e o que acontece na tela. O que resta saber é quantos servidores serão usados em média por jogador, e também quanto irá custar o serviço mensalmente para os jogadores. Segundo o CEO da Ubisoft, as opções de valores devem ser bem variadas.
O Google vai usar o sistema multi GPU para acessar vários servidores e poder entregar efeitos mais realistas, mas mais uma vez, isso depende da quantidade de servidores por jogador. O Google vinha testando o serviço com o game Assassin’s Creed Odyssey através do Project Stream, sobre o qual o Dori falou neste post lá no MB, e que permitia jogar o game pelo Chrome, mas só em alguns países.
Durante a apresentação, o Google mostrou que está super aberto a parcerias com a indústria de jogos, e convidou a ID Software para apresentar no palco o Doom Eternal, que segundo eles vai rodar lindamente no Stadia, mas não será exclusivo, e deve ser lançado para todos os consoles e também para PC.
Todos os jogos poderão ser transmitidos ao vivo pelo YouTube, que é parte importante do Stadia. Alguns recursos foram feitos sob medida pra chamar a atenção da comunidade de gamers por lá, como o Crowd Play, que permite entrar na fila pra jogar contra o seu youtuber favorito, e o State Share, que permite compartilhar uma posição do jogo para que outros gamers possam jogar naquele exato momento.
O Google está de olho nos devs independentes, e criou seu próprio estúdio de jogos para tentar atraí-los para o Stadia, o Stadia Games and Entertainment, a ser liderado por Jade Raymond, executiva com experiência na EA e na Ubisoft, e que já me ganhou quando subiu ao palco falando do holodeck de Star Trek. Os desenvolvedores também vão poder programar na nuvem, algo que eu achei bem inovador e interessante.
As dúvidas ainda são muitas, esperamos que algumas delas sejam respondidas em breve. Será que o Stadia vai acabar com os consoles? Com certeza não. Vai acabar com os PCs gamers? Menos ainda. Apesar de alguns amigos terem passado o dia inteiro hoje dizendo que ele vai matar totalmente o resto do mercado, quem gosta de games e joga de verdade vai preferir um PC de ponta, ou no máximo um console dedicado, se for o caso de rodar games exclusivos, não tem jeito, sem falar que pelo que mostrou hoje, o Stadia ainda tem um caminho a ser percorrido.
Mas o sistema é algo totalmente inútil, que não vai fazer sucesso nenhum? Não disse isso, ele é sim um conceito bem promissor, que ainda tem que provar muita coisa, mas que é bem ousado e ambicioso, algo que eu quase sempre admiro. Também gosto muito da ideia de usar o sistema Multi GPU. Fica aqui a torcida para que o Google Stadia dê certo, embora não tão certo a ponto de acabar com o resto da indústria de games. 😉
O serviço vai estar disponível para países mais civilizados que o nosso em 2019, mas o Google não entrou em detalhes de exatamente quando irá fazer o lançamento. Ao tentar entrar no site do Stadia, nós brasileiros somos redirecionados para a página do Chromecast.
Ainda curioso? O The Verge fez vários posts sobre o tema pra quem quiser destrinchar mesmo o que é o Google Stadia, todos listados aqui. Também vale assistir ao vídeo de apresentação do Stadia, só clicar abaixo.